COPILAÇÃO de: Osmarosman Aedo
Saudade é quando move a asa
E a ave decola para encontrar-se com a lembrança;
Saudade é imaginar-se dormindo sozinho
E ao rolar na cama, tocar em outra vontade;
Saudade é quando a sanha assanha o sono
E o sonho vertiginosamente desperta para a ausência;
Saudade é jardim que colhe flores
Enquanto a terra que o jardim acolhe, desmancha-se em botões;
Saudade é quando a faixa de chegada cai
E o único vencedor teme chorar de dor... Por que dói tanto vencer?
Saudade é quando o rio se esquiva do mar
E encontra encostas de pedras que fazem com que amorteça suas águas;
Saudade é chama que engole fogo que arde em chamas de queimar
Mas que a flecha inflama quando é o alvo que deve acertar;
Saudade é posse para quem sente e chora,
É porta que se abre e implora,
É mão que te leva embora... Quem por hora, não pediu que voltasse um agora?
Saudade é fosso que guarda fonte que com água é poço que até o pescoço
Sabe o tempo exato em que deve perdoar o moço.
Saudade é quando a ave que nas asas decolou lembranças,
Pousa na janela que esconde o dia e deleita-se em assobios
Pedindo à noite que te aporte em teu orvalho...
Ah! Saudade que me acorrenta em qualquer canto
Do então enciumado avanço,
Que deu poder aos braços abraçar o teu encanto...
Ah! Saudade de quando...
Dizer-se “ matar a saudade “, não procede.
Matar saudade é crime, inafiançável em sua prescrição
Por isso a minha vive em sua forma, em seu cheiro, em sua exatidão.
Quem quiser que mate a sua, a minha ninguém encosta a mão.