SONHOS AOS PEDAÇOS
Acordei com vontade de matar a sede
De lavar a alma com sal grosso
e repousar meus pés ao sol.
Acordei com uma saudade de lascar a alma
De morder a pele
e de matar o sol que se estendia em mim.
Não tenho mais tempo para 'desentir'
Não tenho mais vontade de 'desviver'
Seguro as lágrimas num dos bolsos e simplesmente vou.
Ir adiante me tira do rumo
Ficar me faz mais frágil
Levantei coberta de sal
com cheiro de mar
e acalento de sol
A voz que veio como brisa
não era a mesma de um dia qualquer
Tive a sensação do esquecimento
Desse despertencer que, por vezes, me atormenta.
Precisei buscar no âmago a chave para abrir a porta da casa
onde a minha alma, esquecida, jazia solenemente.
Amanheci em desventura
Queimada pelo fogo passado de amores transcendentais
Não tive medo, não tive nada.
Se tive, já não me cabia e catava nos ponteiros parados
uma forma, sem jeito, de arrebentar o passado em mil pedaços.
Acordei aos cacos!