PROSA POÉTICA
UMA VIAGEM DE ÔNIBUS
SUELY BRAGA
Olho através da janela do ônibus. Meus olhos se embebem de paisagem. Os cataventos giram nos braços do vento. Árvores variadas: eucaliptos, coqueiros, palmeiras sacodem suas bastas cabeleiras. O sol doura a lagoa com a maré num vai e vem, ao entardecer.Bois, cavalos, cordeiros enfeitam os verdes prados.Os arrozais despontam como um tapete verde aveludado. Lavouras preparadas para receberem em seus seios as sementes.
Enquanto o ônibus roda no asfalto macio, meus olhos se tingem de recordações. Da memória saltitam lembranças. A saudade aperta o peito. O coração vibra de emoção. Sonho com um passado distante. O trenzinho que rodava sonolento nos trilhos tortuosos com seu apito estridente, ao chegar às estações. Pessoas com bagagens entravam e saiam dos vagões. Sacolejavam um dia inteiro para chegar à cidade. Carregavam sempre um farnel para saciar a fome. No trem, durante a longa viagem, conheciam-se pessoas, faziam-se amizades.
São recordações da minha infância que o progresso engoliu.
Osório, 04/12/2010
UMA VIAGEM DE ÔNIBUS
SUELY BRAGA
Olho através da janela do ônibus. Meus olhos se embebem de paisagem. Os cataventos giram nos braços do vento. Árvores variadas: eucaliptos, coqueiros, palmeiras sacodem suas bastas cabeleiras. O sol doura a lagoa com a maré num vai e vem, ao entardecer.Bois, cavalos, cordeiros enfeitam os verdes prados.Os arrozais despontam como um tapete verde aveludado. Lavouras preparadas para receberem em seus seios as sementes.
Enquanto o ônibus roda no asfalto macio, meus olhos se tingem de recordações. Da memória saltitam lembranças. A saudade aperta o peito. O coração vibra de emoção. Sonho com um passado distante. O trenzinho que rodava sonolento nos trilhos tortuosos com seu apito estridente, ao chegar às estações. Pessoas com bagagens entravam e saiam dos vagões. Sacolejavam um dia inteiro para chegar à cidade. Carregavam sempre um farnel para saciar a fome. No trem, durante a longa viagem, conheciam-se pessoas, faziam-se amizades.
São recordações da minha infância que o progresso engoliu.
Osório, 04/12/2010