Chove;
hoje tem festa no céu. Ouço o rufar
dos trovões e os relâmpagos em eco como que dançando em desritmo.
Chove;
o céu desafoga as lágrimas e quando pisa no solo, lava e fecunda o que parecia sem broto.
Até parece que chove diferente para cada tipo de gente!
Para alguns, ela passa indiferente, é só água que cai!
Para outros, ela é ótimo motivo para ficar acasalado num nó apertado.
No entanto, é a mesma chuva chuvada de ontem e de outros séculos, aquela que ficou guardada no chuveiro e que lavou nosso desejo ardente.
Se hoje chove, é apenas para eu fazer dedilhar ao cravo, esse lamento, imaginando como seria se eu não me afogasse nessa poça de tormento.
Chove torrencialmente; ao fundo, o som de um violino se esvaindo.