Florações
Que bom que passou, pensou ela, mas mesmo com os sufocos do ano, o medo da perda, nada a tinha a reclamar, ao contrário, sentia-se muito grata.
Estava na rede, na paz do quintal, trocou Fundo de Quintal pelos Beatles, mas alguém pelas cercanias ouvia um blues. Reparou que havia ninho camuflado na xeflera, não se irritou com palmeira que não parava de botar coquinhos e calhas, nem se importou. Como gostava das manhãs cinzentas e frescas, sempre achava que era a única no mundo a gostar de chuva no verão.
Na ceia da noite anterior, simpatias, comeram lentilhas, romã, brindaram a vida e a esperança se renovou, em momento algum esqueceram dos que partiram, deviam estar ali, confraternizando.
Nada de sol, que bom, as folhagens estavam regadas, o café estava de hotel, voltou a agradecer pela paz do dia. Fechou os olhos e dormiu, não viu quando a família de pássaros voltou para o ninho, despertou mais tarde, o chão estava florido, achou que a toalha da mesa tivesse caído, que nada, eram os mimos do arbusto que tinham voado.
Beijo a todos!