Desprojetar...
Desprojetar...
Nada a desejar para além de hoje,
para nenhum ontem nem algum dia.
Datas para quê datas?
Essa mania de projetar ideais e vê-los desmoronar,
nessa mente que mente pra mim todo o tempo.
Não quero negar sonhos impossíveis, tampouco aceita-los
passiva como uma libélula que já não voa.
Sei apenas de mais uma ruga nos anos outros,
nos dias poucos, nesse enfado que sorve outras forças,
outras fontes que valsas e fados melindram lágrimas
em pontes que rios destruíram.
Ah! ... há tanta maldade no mundo, que deuses falsos
bateram em retirada, sem espadas, sem cavalos brancos,
nem lenços de paz.
Hei de desejar somente nada desejar, ninguém para agradar,
e ser apenas um número desejando virar.
Que assim seja entre fogos e gentes, taças e brindes
essa vaidade toda, e tudo continuará a prosperar.
Vivas e loas e boas à toa...
Eu? ... eu só vou passar num vento a borbulhar.