Mongóis versus japoneses
Jorge Luiz da Silva Alves



      Naqueles remotos tempos em que ronins vagavam pelo arquipélago vulcânico coalhado de cerejeiras, bambus e afiadas espadas, um vento divino detivera o Grande Khan no estreito da Coréia e salvara a Terra do Sol Nascente do furor dos mongóis de Kubilai. Bem sucedidos desta vez, os ilhéus se fechariam em sangrentas contendas pelo Xogunato, enquanto no continente, os Song seriam varridos da face da terra pelos cavaleiros do Góbi, espalhando suas hordas até além do Himalaia e subjugando a Índia, o planalto iraniano e mesmo a embrionária plaga russa. Com isso, os Paleólogos bizantinos ganharam algumas décadas a mais de decadência, os mamelucos do Egito puderam se armar melhor em Ain Jalut, e os últimos califas sangraram em estacas no empalamento generalizado de Bagdad e suas Mil e Uma Noites...mas, enquanto os netos de Gengis Khan desenhavam as fronteiras de suas poderosas pastagens nos cadáveres do oriente medieval, habilidosos e requintados samurais alheavam-se ao sofrimento continental e, voltados para o Fujiyama, acertavam suas pendengas no fio calibrado de suas lâminas, certos de que seu arquipélago, que ocasionalmente travava duelos terríveis contra a natureza rebelde, não seria presa do mesmo terror paralisante que fizera cair a muralha dos Chin. 

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Jorge Luiz da Silva Alves
Enviado por Jorge Luiz da Silva Alves em 27/12/2014
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