Cores e Dores 2 (Vermelho)

Vermelho

Ela fechou a porta. Deu alguns passos.

Pareceu ter ouvido algo, mas não parou.

Olhou para suas mãos, vermelhas e doloridas, pensativa...

Um grito. Ela olhou para trás.

Algo aconteceu na sala vermelha.

Pensou em voltar... Virou o corpo, mas mudou de idéia...

Afinal, é passado... Tudo se tornara passado.

Não havia nada que ela pudesse fazer.

Foi em direção ao banheiro branco.

A pia e o espelho a esperavam.

Os pedaços de penas grudados no sangue seco a incomodaram.

Um cheiro de carne cru e sangue animal encheu o lugar.

A água era corrente e limpa. Mas não removeu a sujeira.

Ela esfregou com mais força usando o sabonete azul.

A espuma se formou, abundante, mas ainda assim não foi suficiente.

Ela sentiu-se absurdamente impura. Não apenas suas mãos, seus braços também.

Olhou no espelho.

Foi assustador o que viu.

Correu para o chuveiro.

A água caía abundante, mas quente demais..

Ela não conseguiu se limpar.

O banheiro então enfumaçado, parecia uma prisão.

Olhou para os pés. Pareciam garras.

Suas mãos... Contorcidas.

O espelho.

O grito.

E ela arrancou os próprios olhos.