O "pitoresco" mar do Sul

Sempre que vejo o nome, fico impressionada: Pousada Ponta da Ilha. Mas que ponta e que ilha, me pergunto. Nosso mar é reto, tudo reto e ilha, acho que tem só uma, que, a meu ver, nem é nossa é de Santa Catarina. Minha praia não tem ponta nem ilha e ponto final. Mas tem gente que fantasia, a ponto de botar o nome do hotel de Mar azul, mas que bosta de mar azul é este? Onde? E quando? O mar Rio Grande do Sul se resume em poucas coisas, maior areal do mundo (ou quase isto), de cabo a rabo não se vê uma única árvore, a água é gelada podendo provocar choque térmico, tem buracos que podem nos carregar direto para os braços de Iemanjá, repuxos que nos arrancam maiôs, biquinis e calções e um vento nordestão que, de tão impetuoso, tem a capacidade de levantar mesas, arremessar cadeiras, tem capacidade para arrastar idosos e crianças, arrancar gigantescos guarda-sóis nos fazendo pagar micos e micos. Em dia de vento é melhor ficar em casa, a pior das desgraças é nordestão com filtro solar, não há esponja neste mundo todo que faça aquilo desgrudar, a areia se agarra até na alma, mastiga-se areia, entra areia nas orelhas, nos olhos é para matar qualquer cristão, areia com filtro solar no olho é o quadro da infelicidade. As cores do nosso mar são bem interessantes vai do marrom ao bege, nuanças... mas assim mesmo é bom, “nóis sofre, mas gosta”. Não que o mar seja sempre marrom, às vezes ele fica quase preto e cheio de algas ( mas não é sempre), aquelas que entram maiô a dentro e se recusam a sair, não sei de onde elas vêm, mas se grudam na vida da gente, são dias de maiôs de molho no sabão em pó. O bom é que de anos para cá não temos mais o petróleo grudado nas roupas e nos pés, o que já é um consolo... aquele grude dos infernos só saía com Bombril, se esfregássemos areia para tentar limpar, bostificava mais ainda. A parte mais engraçada é a do repuxo, este sim é fogo, a criatura entra no mar e no que a água passa das canelas é rebocada à força para dentro, são mãos de ferro nos sugando para o oceano, o susto que se leva é alguma coisa sem noção, é nesta parte que vemos os mais diferentes tipos de nádegas, bundas multicoloridas, alemãs, italianas, africanas, indígenas, pois a roupa de banho vai parar lá no calcanhar, a parte de cima dos biquínis vai parar no pescoço, a gente não sabe se segura a roupa ou se se afoga de vez, este é mico propriamente dito.

Tem fundamento a piada que fala que Deus estava desenhando o mapa do Brasil e quando chegou no Rio Grande do Sul estava na hora do almoço então pediu para o diabo terminar o trabalho.

Falei isto, mas a coisa não é tão sinistra, gostamos do vento, da areia e da água fria, o nosso litoral é bonito, tem uma culinária muito boa e é acolhedor. Mas eu me pergunto: por que Deus deixou o diabo terminar o mapa????!!!!!

Beijo a todos!