MEU PRESENTE DE NATAL

Véspera de natal, nenhuma pista do presente que mamãe prometeu, enquanto a olhava costurar. Aquela noite foi diferente das outras, fiquei acordada no escuro até que o sono apagou lentamente meu pensamento infantil. Ao acordar não senti cheiro de natal, nem cores, nem luzes. Desci do berço devagar e desci a escadinha de madeira sem corrimão, em direção ao longo quintal que dava no rio onde brincava todos os dias. De longe avistei meu pai, quase escondido pelas folhas do milharal. Me aproximei devagarinho, sentindo a terra fria da chuva da véspera sob os meus pés.

- Pai! Cadê a mamãe?

- Não sei Luzi... venha, venha aqui, minha filha, pegar seu presente de natal. Me aproximei esfregando com uma das mãos os olhos ainda sonolentos e tímidos; e com a outra segurava o shortinho azul claro de retalhos, com o elástico velho que teimava em cair.

Papai escolheu uma boneca de cabelos longos e ruivos, tirou a primeira roupinha com algumas formigas , olhou-me com olhos tristes, tocando delicadamente meus cabelos extremamente lisos e entregou-me o meu mais lindo presente de natal: a minha bonequinha de milho verde. Saudade pai!