AH, AS JOVENS MEDITATIVAS
“Espírito de Beleza, fica ainda um pouco...”
Oscar Wilde
Estive me lembrando hoje, dia de névoa e tristeza, daquelas “jovens meditativas”, de Charles Morgan. Elas ficam sentadas nos bancos dos jardins, “tocadas por uma brisa miraculosa que não desmancha seus cabelos”. Pensei longo tempo em como deveria ser belo, vivo e surpreendente o mundo se milhares e milhares de jovens estivessem não apenas sentadas nos bancos, mas andando – por ruas, casas, escritórios, campos, enfim, todos os lugares – serenamente. Meu coração deu um salto mais forte, como se quisesse ir lá fora, correr atrás de todas as coisas belas e talvez se ajoelhar diante de uma moça meditativa e triste que, à medida que o sol vai se despedindo em longo adeus nas ondas de seus cabelos, se torna ainda mais adorável. E, muito lentamente, veio à minha memória certa declaração de Heine: “Meu coração é tão inteligente, meu coração tem tanto espírito, que em meu peito ele está todo a sangrar...”