A ROSA AMARELA É REAL
Devo admitir que em mim, neste momento imediatamente presente, está o mais completo sentimento de irrealidade: o apartamento me parece irreal, bem como a noite; irreal a paineira que, imersa na escuridão lá fora, persiste em mim pelo imperativo da memória; irreal a família que nos esqueceu aqui; irreal o silêncio que paira sobre tudo; irreais o domingo e eu, e urge que eu pare por aqui a lista de irrealidades. O cansaço, não; o cansaço pesa como a mais profunda das verdades, pesa como a Verdade. Um cansaço incomensurável como a vida... ou como a morte. Um Cansaço. Neste momento, a única coisa que me suaviza o peso de existir é a presença, no meu coração, da rosa amarela, a primeira rosa do canteiro que a querida amiga, trovadora e jardineira Jeane Diogo batizou com meu nome. Uma amiga mais do que real. Um canteiro mais do que real. Uma rosa mais do que real. Uma roseira com meu nome em uma casa em Uberaba, canteiro que vai produzir outras rosas amarelas: o tudo que me Conforta neste momento. Perdoem-me, amigos. Esta sensação melhora. Neste momento, sinto que todo o conforto do mundo me vem de uma rosa amarela. Obrigada, Jeane querida. Muito obrigada. Perdoem-me, amigos.