500 anos
Sabe, sou um sordado, que traz a roupa rasgada como farda, que traz a enxada como fuzir. Nasci num país que as veiz acho que me pariu, dispois me abandonô suzinho no mundo imundo e sem amô, caminho por estradas, que num sei onde vão dá, e as veiz não consigo entendê, como ainda conseguimo sobrevivê. Pagamo políticos, mas as veiz me sinto como um empregado iludido e enganado, acreditano em promessas de um futuro que jamais vai acontecê. Tenho as mão marcada pelos calo de um trabaio que hoje se faz tão raro, tenho o corpo suado, pelo sangue da injustiça, tenho a boca calada pela mentira da democracia. Meus fios tão sem oportunidade, tem seu distino marcado a ferro e fogo, como gado nas cocheiras, enquanto os deles, saboreiam o que o poder pode lhes proporcioná, e aprendem desde cedo, como os nosso dominá, e a ninguém, a ninguém podemo gritá que estamo cansados de lavrá campos, que apenas arguns vão se fartá, e dessa terra, apenas nove parmo, por argum tempo vamo herdá. Minha história é triste, pois venho lá do sertão, e quando aqui cheguei era inocente meu coração, trazia esperança no oiá, e muita fé nos homi que administra essa nação, mas essa fé, um dia pode acabá, e a revorta em um rio turbulento pode se transformá, e suas onda, sobre esses coronér, que hoje se fartam em outros quartér, vão se derramá. Não me entendam mar, "sou de paz", e isso é apenas um lamento, porque já não aguento tanto descaso, tanto sofrimento, meu povo oprimido nas fila, morre desvalido, desempregado vive judiado pelos canto banido, não queremo esmola, nem doação, queremo nossos direito, queremos sim, sermo cidadão, termo orguio de sermos brasileiro, queremo ser a parte alegre, alegre e não triste desta festa, de 500 ano de nossa nação.
Poema de Orlando Jr.