Desacelera
Desacelera, coração,
desacelera que o mundo
pára aos montes
pela conveniência
das satisfações.
Deixa de ser suscetível aos teus desejos.
Abraça o mato verde,
o ensaio dos pássaros,
a cachaça em fim de noite,
o embalar do vento nos teus sonhos,
o acaso de qualquer acaso
que te sobrevenha.
Desacelera, coração,
que os amores podem esperar,
que o altar pode esperar,
que os seios famintos podem esperar,
e teu deleite tem
tanto o que desfrutar
no orvalho que te chama da terra.