Desacelera

Desacelera, coração,

desacelera que o mundo

pára aos montes

pela conveniência

das satisfações.

Deixa de ser suscetível aos teus desejos.

Abraça o mato verde,

o ensaio dos pássaros,

a cachaça em fim de noite,

o embalar do vento nos teus sonhos,

o acaso de qualquer acaso

que te sobrevenha.

Desacelera, coração,

que os amores podem esperar,

que o altar pode esperar,

que os seios famintos podem esperar,

e teu deleite tem

tanto o que desfrutar

no orvalho que te chama da terra.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 07/12/2014
Código do texto: T5061315
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