Papai Noel...nunca confiei muito

Deixaram tudo alinhavado, por volta das 22h30 o “Papai Noel” chegaria (certamente já meio puto vida) tocando um sino, faria a distribuição dos presentes para as crianças e, em uma hora, iria embora, Papai Noel sempre tem horário apertado e deve andar muito enlouquecido nesta época. O preço da visita foi previamente combinado, a cada presente o Bom Velhinho deveria citar a frase originalíssima: hohoho!! Não riam leitores, não riam.

Ainda no cerimonial, as crianças abririam os presentes – sempre ao som de muitos hohohos – e toda a família ia para a ceia.

Mas buena, passava das onze e nada de Papai Noel, muito menos hohoho. Algumas das crianças já dormiam pelos sofás, os adultos se acotovelavam à mesa, disputando os melhores pedaços do peru. Nesta hora de fome sempre há gente trocando receitas culinárias, elogiando a belezura dos pratos, comendo de pé, de qualquer jeito. Na verdade, parece que em jantares assim, tipo americanos, as pessoas temem que a comida não vai ser suficiente, por vezes, pode até haver um princípio de tumulto, isto era comum logo que apareceram os bufês nos clubes etc., eram nos jantares que se via, muitas vezes, troca de xingamentos e empurrões, as pessoas faziam montanhas de frutas nos seus pratos, levavam os arranjos de flores para casa, eram quadros de completa dor. E Jesus quieto no Presépio assistindo a baixaria.

Lá pelas tantas chegou o Papai Noel, a ceia foi interrompida, eu não estava presente, mas certamente rogaria muitas pragas ao Papai Noel, onde já se viu interromper uma ceia de Natal...As crianças correram para receber os presentes, não se escutava nenhum hohoho e o Papai Noel estava com cara de poucos amigos. Tenho medo de Papai Noel até hoje, nunca confiei muito...

Segundo relatos, a entrega de presentes não durou meia hora e o Papai Noel, após alguns rosnados, se despediu da barulhenta plateia. Ao chegar à porta acompanhado pelo dono a casa, o Bom Velhinho esticou a mão para receber o dinheiro. Ali teve início a Terceira Guerra, tumulto formado, barraco. O anfitrião alegou que não ia pagar a soma, pois o Papai Noel se atrasou, a entrega de presentes durou menos de uma hora, a ceia foi interrompida e foram proferidos escassos hohohos. O caldo esquentou e a chapa ferveu, adeus dignidade, o Papai Noel Kid puxou da cintura seu flamante “38” (ele era um policial aposentado que fazia bicos no Natal), passando a ameaçar o dono da casa: – Vai pagar sim...vai pagar!!!...Eis o milagre de Natal, o dono da pagou logo a conta, por sorte, as crianças não assistiram a peleia.

Beijo a todos!

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 06/12/2014
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