Os mascarados de Rubel

Eu era só uma garota quando encontrei aquela sacola no porão de minha casa. Não sabia bem o que era até abrir aquela sacola, mas quando abri, vi que ali havia uma máscara. Não há como explicar sua beleza. No início tive muito medo e não soube o que fazer e nem como compor aquela situação. Mesmo assim a coloquei sobre o meu rosto, e ao me olhar no espelho, vi como me caíra bem. Fiquei com ela.

Acometida pela euforia de uma nova face, eu me lancei. Na rua, o mundo inteiro me dava flores e sorrisos. Ninguém duvidava que a máscara que o meu rosto cobrira escondia o que antes era apenas temor.

Nada poderia me fazer parar de acreditar que a máscara que cobria o meu rosto era apenas fruto de minha imaginação. O rosto que era novo e forte, na verdade, sempre foi o meu, e mesmo que me alertassem disso, eu respondia só "sou eu".

Mas certo dia, ao descer a rua de casa o mundo desabou. Percebi que eu não era a única mascarada tentando encobrir o que eu era. Haviam milhares deles. Cada um com suas máscaras enfeitadas e bonitas, jamais vistas a olho nu. Eles transitavam sem pudor, como se nada estivesse acontecendo. Me ajoelhei com raiva no meio da praça, e antes que eu pudesse gritar me desabei em lágrimas. Ao me levantar, olhei para todos aqueles mascarados, os condenei:

- São todos falsos! Tantas cópias de um rosto que antes era meu!

Ninguém me ouvia. Então me cansei, e cansada resolvi me desmascarar... sorri.

Sorrindo eu entendi: a vida só se dá pra quem se deu.

Anna Clara Bispo
Enviado por Anna Clara Bispo em 02/12/2014
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