Fascínio*
Guardar estrelas no parapeito do olhar
e fazer brotar as tulipas do sorriso que trazemos em comum,
na história que iniciou sem aviso, num fascinante suspiro....
Atravessar todas as distâncias dos nossos dedos,
furiosos e intermitentes, rascunhando o perfeito tempo
que ousamos e tolamente cremos...
Encher as taças das nossas borbulhas
e em tépidos goles, sorver-nos como quem sorve a esperança,
num querer-se subcutâneo sem medo das tentadoras reentrâncias...
Flamejar as dermes, besuntadas de óleo de amêndoas,
queimando olhares, bocas e mãos
como incensos de sândalo num ondular de aderências...
Escavar todos cantos e recantos sublimes
dos corpos em sincronia, em giros nas cavernas,
de lamparinas nos dedos, traçando atalhos sem volta,
nacarados de puríssimo desejo...
Talhar a insegurança, destroná-la sem piedade,
dar espaço ao namoro das pupilas,
dos cílios enroscados dos nossos anseios de ser um do outro,
suturando da solidão a ferida...
Ancorar as curvas das minhas ancas na tua firmeza,
como se eu habitasse imperatriz no teu castelo,
então tua súdita, subjugada, florada e mapeada em teus anelos...
Criar a posse da realidade desse fascínio,
que movediço toma-nos corpo, vida e espírito.
Urge.
Karinna*