Pensamentos Sem Título IV - (E isto não é um título?)

Estou tão puto que nem sei

se o que escrevo é certo, errado ou... ou sei lá o que.

Não decidi se é verso ou prosa ou coisa que o valha, mas talvez não valha nada.

E nada vale porque de nada vale qualquer coisa. Tudo a mesma coisa.

Fico aqui remoendo dores, angústias, tiros certeiros que me acertaram e tiros que me acertaram ao acaso e tiros que sequer me acertariam.

Fico também remoendo palavras de gênios sem genialidade.

O que não sabes, ou sabes, se fores analisar com esperteza ou se eu for didático demais,

é que eu tenho, sim, o que escrever.

Tenho motivos, tenho uma adaga na carne.

Mas não escrevo sobre isso porque já escrevi demais antes.

Já atirei demais antes.

Já me frustrei demais.

Cantar as dores do amor, que papelão! Cantar o amor, que besta!

Tantos por aí fazem melhor que eu!

Tantos sabem, por exemplo, descrever o olhar do amante com metáforas sensíveis e certeiras,

com palavras-símbolo e ritmo constante!

Eu o que sei?

Sei remoer, apenas e nem isso sei se sei.

Aí toda essa enrolação pra no fim das contas eu dizer que: oh!

Não sei o que dizer... me sinto tão novo e tão velho, tão fraco e...

Não sei, meu Deus.

Esse não é o meu estilo. Não é assim que faço as coisas. Estou influenciado demais. Pelo que?

Vou terminar isso de uma vez, como eu mesmo.

(Como eu mesmo?)

Vai-te desta porta, ó tu, pálida!

Errante, esdrúxula, bruxa, vilã-mor!

Te amo, vampira cálida.

Te mordo, estática, esquálida.

Vai-te de mim, sem dó.

Vai. Pois já fostes? Sim,

Foi para longe de mim.

Ainda bem que enfim,

Eu completo essa poesia sem sentido.

Poesia?

E acabei escrevendo o que não queria.

Áquila Teófilo
Enviado por Áquila Teófilo em 02/12/2014
Código do texto: T5055782
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