Uma baita de uma mentira
Onde estão os amores
que fugiam das mãos
e das ceias para manter
aceso algum furor ensandecido
de nossa estória?
Conversa, amor.
Não desejamos poesias.
Não descontamos os pormenores.
Não esquecemos do ódio e da farsa.
Onde estão os acusadores
que permitem à existência
a premonição de qualquer
existência que seja viável
para bolsos e bibliotecas?
Conversa, querida.
Matamos leões pelo prazer
da matança, não
por sermos fieis às necessidades.
Onde está a palavra, que
de tão vazia nesse oco cósmico
acabou por se transmutar solitária nos muros
e nas esquinas para o bem dos holofotes?
Deletérios.
Somos únicos,
ainda que seja uma baita de uma mentira.