Uma baita de uma mentira

Onde estão os amores

que fugiam das mãos

e das ceias para manter

aceso algum furor ensandecido

de nossa estória?

Conversa, amor.

Não desejamos poesias.

Não descontamos os pormenores.

Não esquecemos do ódio e da farsa.

Onde estão os acusadores

que permitem à existência

a premonição de qualquer

existência que seja viável

para bolsos e bibliotecas?

Conversa, querida.

Matamos leões pelo prazer

da matança, não

por sermos fieis às necessidades.

Onde está a palavra, que

de tão vazia nesse oco cósmico

acabou por se transmutar solitária nos muros

e nas esquinas para o bem dos holofotes?

Deletérios.

Somos únicos,

ainda que seja uma baita de uma mentira.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 28/11/2014
Reeditado em 11/03/2016
Código do texto: T5051141
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