AMANHÃ, TUDO SERÁ PASSADO...
Nenhuma estrela no céu.
Está negro.
Ou nuvens que não vejo, o cobrem.
A lua, uma pequena nesga de clarão...
deve ser ela!
A brisa passante, enternece a alma.
Estou sentada na varanda do quintal.
Lá adiante, a rua
onde volta e meia passam carros,
motos, ou gentes que desconheço.
No silêncio,
escuto os sons do coração.
Vêm à memória fatos vividos,
desejados, testemunhados
que ao longo do tempo
compuseram minha vida até hoje.
Lembro-me de pessoas queridas
que se foram.
De pessoas que se afastaram,
nem sei por que,
algumas deixando
um grande vazio na alma...
A hora é tardia. A cidade dorme.
Bem distantes também estão as lembranças
do primeiro amor, primeiro beijo,
olhos nos olhos, momentos inesquecíveis
sensação de coração a saltar pela boca...
E agora, onde estará tudo isso?
Vários acontecimentos passam
pela vitrine da alma.
Uns bons, outros nem tanto!
O dia em que rolou a primeira lágrima
por amor.
Também tantos sorrisos de felicidade
a formatura, o casamento, a vinda dos filhos,
as decepções que a vida reservou...
Tudo num relance.
Lembrei-me da orquídea que um dia ganhei...
que fim terá tido que não me lembro?
Quantas coisas!
Tudo vai ficando esquecido
no redemoinho do tempo.
A memória também irá se diluir
e nem saberei mais
de tantos fatos vividos.
De repente me dou conta,
tudo irá desaparecer.
Amanhã... será passado!