O MAQUINOMEM

Eis aqui um poema em prosa, resgatado do distante ano de 1984 e, um dos primeiros que fiz; a época ,outra, mas, os problemas , os mesmos: a crescente desumanização do bicho homem, que , naquela época sem internet, já previa pelo ritmo frenético e dinâmico e pelas assonâncias e aliterações, imitando o ritmo da máquina. A frase inicial tirei de Macunaíma, de Mário de Andrade.

O MAQUINOMEM

O homem virou máquina e a máquina virou homem- e assim surgiu o maquinomem.

Matemáticaestatísticafuncionalgeométricaquimicamente surgiu, projetado por computadores e com frente para o mar.

Não pensa, fala; não gosta, gostam por ele; mora no cubículo 3.131.432.1.000, no tricentésimo andar do edifício "Solar dos Bem-te-vis".

Tem a barba raspada, usa terno e gravata e tem sua poupançazinha para garantir o futuro-há,há! Adora cálculos, e dinheiro, tanto que sua principal distração é ler livros de álgebra e de economia, pois adora CÁLCULOS e quer ser engenheiro eletrônico-foi o que disseram pra ele.

Mas o maquinomem não é um só, pois estamos nos mecanizando, e o maquinomem está se espalhando. BIP-BIP

|POR TODO LADO SE VEEM ARRANHA-CÉUS DE ALUMÍNIO|

|COM VIDROS FUMÊ@#$%%&*|

E GENTE QUE GOSTA DISSO

É O QUE DIZ A TVÊ-PLIM,PLIM!

PERDOEM-ME ESSE PEQUENO E SEM GRAÇA POEMA DIGITAL,

POIS NÃO FUI PROGRAMADO PARA PENSAR.

-ENCERRANDO GRAVAÇÃO-