NÃO SEI SER POETA
Não sei ser poeta sem sonhar com a poesia, por exemplo, que se derrama como chuva, pela aba larga do chapéu do camponês nos dias invernosos; porque a poesia é feita desses sonhos simples, que fazem o poeta pensar que está deveras sob a chuva que deságua sobre a aba larga do seu chapéu, semeando em forma de chuva, os versos líquidos acumulados no interior das nuvens vaporosas. Versos chuvosos que depois deverão secar no calor intenso da manhã, ou no mormaço nauseante da tarde; além de serem apreciados pelos amáveis leitores que os acolherão (secos ou molhados), em suas consciências poéticas, advindo dessa coesão, a cumplicidade prazerosa entre o notório artista e o seu público fiel.