À MESA

Almoço pronto,

correria do sol,

flanelas e saquitel,

mágicas e malabarismos

para enfeitar a santidade.

À mesa...

Todas as caras,

magia e negros,

purificados à mostra em valas e lama,

toda lenha e combustão,

sem nós na garganta

ou monogamia.

Palhaçada feita,

almoço que desnutre esperanças,

molhos e chaves,

córregos e noticiários.

À mesa.

Falamos de saúde mas envenenamos os lábios.

Juramos amor e paz

mas levamos à cruz homens e deuses.

Despertamos paulatinamente para um sono eterno

e preguiçoso.

Almoço termina,

café se ensaia,

os lábios se aquecem,

o mundo se enfurece,

as mãos se agarram ao sangue por entre as pernas

e não esquecemos a mania de fantasmas e orações.

Dá cá um beijo, querida,

que preciso voltar ao trabalho

para manter a rotina do que se mata e se morre.

À mesa.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 26/11/2014
Código do texto: T5049409
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