À MESA
Almoço pronto,
correria do sol,
flanelas e saquitel,
mágicas e malabarismos
para enfeitar a santidade.
À mesa...
Todas as caras,
magia e negros,
purificados à mostra em valas e lama,
toda lenha e combustão,
sem nós na garganta
ou monogamia.
Palhaçada feita,
almoço que desnutre esperanças,
molhos e chaves,
córregos e noticiários.
À mesa.
Falamos de saúde mas envenenamos os lábios.
Juramos amor e paz
mas levamos à cruz homens e deuses.
Despertamos paulatinamente para um sono eterno
e preguiçoso.
Almoço termina,
café se ensaia,
os lábios se aquecem,
o mundo se enfurece,
as mãos se agarram ao sangue por entre as pernas
e não esquecemos a mania de fantasmas e orações.
Dá cá um beijo, querida,
que preciso voltar ao trabalho
para manter a rotina do que se mata e se morre.
À mesa.