[Inter]cambísta
Reprimidos sentimentos são estes,
Íntegros, inteiros, concretos,
Cimentados e caiados por lágrimas brancas;
Em cima da casa de dentro,
O cubo de aço semiaberto entorta,
Sabes lá o que ele suporta?
De frente aos olhos cansados desta cota,
A grade bege lembra algo inacessível,
Perdido nas contorcidas memórias amassadas;
Camadas de um eu permanecem latentes,
Incomodando o doente e tremulo pássaro,
Asas cortadas de uma Fênix em chamas;
A cerâmica cinza pinta o tempo,
Dilacera o momento e turva a visão,
O vermelho pulsa e vivo ainda sangra o coração;
Céu negro desmaiado em pequenos diamantes,
Véu trôpego e constante,
Imagens repetitivas;
Os degraus de uma escada rolante que não rola,
As cadeiras de balanço sem molas,
Os sofás da sala de tv desgastados;
Um latido e um miado,
A portuguesa a criar o seu urso de arame,
Intercâmbio no tatame a dar murros na razão;
O amor sorrateiro vai chegando verdadeiro,
Cada vez mais caseiro, cada vez mais fauna e flora,
De joelhos a alma implora: Jura que sou única;
Amo-te mesmo, menina,
Da arte dirigirás minha sina,
Da música serás mestra em meu dó...Ré, Mi, Faça-me feliz.