PROSA TEATRAL

E você fala, e você diz

Incentivo-a... Se santifica

Faz alusão. Quer ser atriz

Abre um sorriso, mais bonita fica

Dissemina sua simpatia

Afirmou que sou poeta

Nego com uma careta,

-- Não vivo de poesia...

"Vive de reportagem?"

Talvez da hipocrisia

"Escreve porque gosta?" Sim.

"Por isso... Gosto da sua poesia"

Tem 21 anos,

Leitora fiel de Drummond

"Prefiro os modernistas

Cansei-me de romantismo"

Então porque?

Assistir Shakespeare

"Por que...

Ahhh... Ele gostava do que fazia"

E assim com a mente vazia

Aceitei o convite

Evitei questionamentos

Ela se curva e com voz aguda:

"Meu ex ele não desgruda

Está aqui, ainda me persegue"

Como faço? Zé me ajuda!

"Saco... Ele não me esquece!"

"Ele já nos viu.

Torça pra não estar armado"

Eu até então dissimulado

Começo a ficar alarmado

Sugeri:

Não é melhor fugir daqui

Não quero voltar pra casa

De bala Furado!

Ela percebe minha atuação

"Agora parece precavido"

Ri e lamenta minha tensão

Respondo em tom atrevido:

Aprendi algo com o teatro. Desenvoltura

Antes a vida, do que aventura

Cansei de ser personagem ao teu lado

Deixemos a trama apenas no palco

Admirada ela fixa seu olhar

E de soslaio, procura uma resposta

Como demora pra raciocinar

Provoco-lhe com uma nova proposta

Conheço a peça e roteiro

Desde o mês de fevereiro

A maioria desses atores,

São meus amigos e leitores

E antes de concluir...

Saiba a senhorita

Que para saber como criticar

Deve-se conhecer a critica

Nenhuma novidade até então

Pensei que escutaria um palavrão

Mas ela, mesmo em juízo percebeu

Que falar de Deus pra um ateu

E como pedir a alguém perdão

Após esfaquear sua alma.

Deixando perfurado o coração

Só penso. E com muita calma

Lamento sua fruição

Monótona... Pequena...

Mas convicto creio

Que não mudo nada nela

...Pensamento algum

Persuadir os modos?

Rancor, insensatez, falácias...

Compreende amiga?

Seu antigo amor vive!

Se ele lhe persegue, vai lá e diz

Fala com ele, seria pior

Manter sua lisura como atriz

Antes da guria sair,

Ela beija minha testa

Pensei comigo... Entendeu.

E antes que acabasse a peça

Reaparece cantando como Orfeu

Mostra-se mais sorridente. E do seu jeito

Seu seguidor... O incansável Aristeu

Triste observa. Nosso longínquo beijo

José Luís de Freitas
Enviado por José Luís de Freitas em 28/05/2007
Reeditado em 28/05/2007
Código do texto: T503787
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