Manhã de quarta
É manhã de quarta e a chuva desce calma, se derrama sobre a cidade, Piazzolla eleva o dia. Meu quintal está úmido, meus olhos também, mas me alegra ver tudo de banho tomado. Nenhuma cena bucólica consegue me fazer chorar, os prédios invadiram a rua, macularam a paisagem. Por sorte, ainda existem praças e tudo está molhado, o dia se renova. Agora, “Adiós nonino”, se eu conseguisse pelo menos chorar... É estranho ouvir bandoneon tão cedo, é tão dramático, tão solene, e a música vai deixando marcas, traz alguma coisa de ânsia, de vontade, de desejo, alguma coisa de partir, de quebrar.
E a manhã segue assim, molhada, úmida e lavada – sem ser completamente triste.
Beijo a todos!