No Fim Sempre Ainda Há Muito

Poucas coisas são belas. Poucas coisas fascinam. Pouco é o que nos chama a atenção. Nos faz refletir. Nos faz pensar. Escasso é o que nos faz sonhar.

Raras são as coisas que nos tiram do escuro. Como a luz. Doce raio de luz... Rompe as trevas na madrugada e anuncia a manhã. Um novo dia. Uma nova história. Uma nova vitória?

Não é comum ver coisas como um raio de sol na janela. Vidros cortinados que deixam passar manchas. E lâminas incolores ganham vida e movimento. Das folhas. Dos passos. Dos pássaros.

Não há muito que se possa comparar à chuva. No fim de tarde. Não há o que vença o som dos telhados. Nas folhas das árvores. Nas calhas. Chuva que embala os sonhos dos justos.

Quase nada se compara a um copo d’água. Gelada. Num dia de calor. A água fresca. Límpida. Bebida num gole na palma da mão. Rasgando a sede. O calor se vai devagar. Fica esperando? Agora não importa!

Pouco há como o aroma da rosa colhida. Na manhã. O sabor da fruta. Orvalhada. O caminho no meio do trigo no vento. Os rios que despencam. As cascatas que surgem nas matas frias e neblinadas.

Nada há? Não. No fim sempre ainda há muito.