Pietá

Dedicado ao amigo-irmão-Poeta: Dito.

Passei noites, tomando conta dos vinhedos, para que não sucumbissem ao frio. Calafrios apertam-me à garganta. Quero e preciso de uma manta para agasalhar-me. Se morrer, o que serão dos vinhedos e dos meus cães? E dos pequeninos insetos?... Dá-me mais um tempinho "Senhor", para que eu possa purificar com minhas palavras, a angústia dos dias. A vaca, está prenha e berra. A cria está prestes a nascer. A horta, precisa de água, o sertão está seco e roubo no pomar uma mexerica. As formigas eclodem do teto. As abelhas fazem trabalho artesanal na lavanderia. No horizonte, uma luz feito as mãos do universo está por vir. Espera só mais um pouquinho, vaquinha, sua cria está prestes à nascer. Já começa a colocar a cabeça de fora, depois as patas..., entranho: A Vaca, não grita, não geme nem chora. "Choro Eu". Cai no gramado, meio zonzo, o rebento e berra, feito criança saindo do útero materno... Tá na hora de mamar, bezerro chorão. Estou com fome "Pai", grita em pensamento. Antes, precisas levantar menino. "Que esforço, faz com as patas"!... Necessário é sobreviver antes de viver, a tantos desafios e desenganos. Tudo que nasce é luz!...E tudo que é luz, nasce, vide as preces do Sol...E tudo que foi dia, vira noite, serão trevas, até ao amanhecer. Recolhem-se, as suas cavernas, os morcegos, enquanto os corvos sobrevoam os domínios do lixão. "Pietá", à todos os insetos, e a tudo que se mexe. A tudo que agrada e incomoda. A tudo que brilha por fora, mas é escuro por dentro. E assim deve ter criado "Michelangelo", a Pietà!... Deixou s'alma no colo da Virgem, feito oceanos e eterno mar... E será para sempre, a mais iluminada paisagem, que nossos olhos poderão vislumbrar. Além da natureza.

Tony Bahi@.

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 10/11/2014
Reeditado em 11/11/2014
Código do texto: T5030035
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