Fiasqueira em Maceió
Adoro a minha terra, a minha casa, o meu canto, viajar é bem complicado para mim, mas por sorte, de todas saídas, guardo ótimas recordações. Nos primeiros dias fora de casa sempre tenho algum resfriado, estranho a comida do lugar, sempre penso “o que eu vim fazer aqui”, devo sofrer de banzo. Foi numa destas viagens, acho que era para Maceió, que tive o troço.
Mas também, culpa minha, no primeiro dia – coisa de gaúcha meio destrambelhada fora de casa – me atrolhei de carne-seca com macaxeira, culinária diferente.
Dia mais lindo em Maceió, beira do mar, forrozinho, só dava eu me puxando nas macaxeiras com carne-seca, tudo regado a suco de abacaxi. Quatro da tarde, tô eu lá, solzão rachando côco e dê-lhe suco. Aos poucos a visão do paraíso foi se transformando, parecia que tinham jogado uma pá de brita no meu estômago, o mundo foi se apagando, não sei como consegui chegar ao hotel. Mal-estar gigantesco, achei que já tinha desencarnado, a cabeça explodia, juro, eu sentia turmas, arrastões de aliens, com trio elétrico e tudo, andando de skate na minha barriga. Só podia ser o desencarne, estava certa que ia partir desta para a melhor. Custei a dormir, os aliens já sapateavam dentro de mim. Socorrida, tratada e abafada nas cobertas (lá fora, calor de 40 graus), acordei melhor no outro dia, vi que nem tinha morrido e resolvi passar o dia na cama, bem quieta. Meu pessoal saiu para os passeios. Liguei para a cozinha do hotel e pedi uma sopinha bem leve, tipo aquelas de mãe da gente, marquei de descer pelas 13 horas.
Escolhi um lugar mais discreto do restaurante e com livre acesso ao toalete (nunca se sabe, né), pedi minha Coca e falei para o garçom que esperava a minha canjinha.
Santa canja, caldinho e uma asinha de galinha, para mim, um banquete.
Pouco depois aparece o garçom, imaginei uma pequena sopeira, um pratinho com a canja, o cara apareceu com uma sopeira do tamanho de um bonde, pelo tamanho, dava para umas oito pessoas, quando ele tirou a tampa dei de cara com um puchêro ao estilo fronteira gaúcha. Tive uma crise de riso, saía de tudo daquela panela, couve, repolho, cenoura, batata, quase um frango inteiro, o resultado...prefiro não comentar, foi sinistro.
Mas valeu a viagem, a macaxeira, o forró, o puchêro, o riso do garçom, o mar de Maceió.
Beijo a todos!