A CARTA QUE EU NÃO VOU TE MANDAR

Não me importavam as horas, eu só queria ouvir te ouvir. Foi tão rápido : a sua rispidez, a minha vergonha e Carla como sempre sendo a amiga a me proteger, jogando meu celular dentro do copo de cerveja. Não tive forças para reclamar.

A primeira vez em que saí depois de nós me rendeu um celular destruído, uma melhor amiga decepcionada e o coração ainda mais dilacerado. Voltei para casa bêbada de cerveja e frustração.

Acordei hoje e tocar o chão deixou meus pés doloridos. Mesmo com o sol invadindo meu quarto voltei para a cama, o mínimo conforto que meu corpo precisava, já que para a feriada que faz meu orgulho sangrar parece não haver cura.

Consigo te imaginar rindo dessas primeiras linhas que te escrevo , suas piadas previsíveis sobre minha mania de ser dramática. Talvez com o mesmo deboche com que atendeu meu telefonema de ontem.

Ponho no papel as palavras que minha garganta dolorida e seca pela ressaca desejava te dizer. Talvez eu esteja tentando voltar aos nossos tempos de bilhetes pelo quarto, dos post-its nos notebooks, das mensagens de texto safadas durante o trabalho.

Mas esse é um caminho que eu não posso percorrer sozinha e então me pego pateticamente escrevendo mais uma carta que guardarei no fundo da gaveta onde os presentes que você me deu ainda parecem me olhar com pena da mulher que me tornei. E aqui se vai mais uma folha desperdiçada, mais uma prova da saudade que se tornou minha sombra, a companheira das mais indesejadas.

Sim, ainda insisto, sim ainda sofro, e sim, claro que ainda te amo!

Sua e sempre sua em todas as madrugadas, noites e manhãs.

<3

Débora Consiglio
Enviado por Débora Consiglio em 03/11/2014
Código do texto: T5021604
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