Gavetas, pastas, e-mails e cartas não lidas
As palavras que outrora escrevi encaram-me atônitas. Há quanto tempo guardadas, já haviam perdido a esperança de um dia ver a luz do Sol ou qualquer outra luz. Pobres cartas e poemas, já se haviam acostumado à ideia de morrer empilhados num canto qualquer, esquecidos. São tantas folhas que se empilham, retiradas de gavetas ou de pastas onde confesso, não deveriam estar! Até mesmo as letras brilhantes na tela do computador me cobram explicações num velho e-mail que jamais enviei. Por que mexer nisso agora? Desenterrar palavras que a alma já soterrou entre lágrimas e lembranças? Por que desenterrar essa enxurrada de cheiros, memórias, toques e olhos brilhantes? Por quê?
Talvez fosse melhor deixá-las adormecidas para sempre! São as cartas que eu escrevi e você não leu, e agora já não há mais motivos para que leia. São pedaços de poesias que se acabaram como se acaba um sonho bom quando os primeiros raios de Sol invadem o quarto e impiedosamente mostram a realidade. São apenas devaneios escritos com alma, lágrimas, sonhos e sangue. Sim... Talvez fosse melhor deixar estes escritos nas gavetas, para que o tempo os apagasse da mesma forma que um dia apagará a existência de quem os escreveu.