Chega novembro com a primeira chuva
Na janela em silêncio olho para fora vendo
o lusco-fusco da manhã transitando à minha frente.
O vento balança as folhas enquanto o aroma
adocicado do jasmim espalha tomando o quarto
na tentativa de suavizar as rugas da minha 
consciência,e faze-las ...desaparecer.
O céu está cinza ardósia e inchado de nuvens.
A rajada açoita a janela;veloz sacode 
o salgueiro chorão que verga na calçada com
a cabeça de longas cabeleiras verde...
Uma gaivota grita no alto contra o vento que
surpreende o mar sussurrando sonhos em
murmúrios,rasgando uma abertura no
pequeno lugar interno onde estão amontoadas
velhas imagens,abrindo espaço para a realidade.
Na gaveta guardo seu retrato que me olha com
olhos petrificados de anjo de ireja à espera
das minhas preces constantes...
Sinto que morro aqui mas veja:já estará morto
antes de mim...antes mesmo que a luz fria,
trêmula e aquosa dessa manhã de novembro
permeie seu vulto que um dia tenha sonhado,
Que jamais!...pereceria em mim