POESIA COMPARADA...

Ela adentrou àquele pequeno espaço,

Cercou-se de livros antigos e, qual criança, sentou para brincar,

Anteriormente saciada do gosto e do gozo que tivera,

Durante a noite ao raiar do dia,

Em que alternou entre a delicadeza do carinho,

E a selvageria dos desejos mais íntimos.

Mas naquele pequeno espaço,

Seus olhos brilharam a cada leitura,

Suspirou a cada página corrida,

Como se o mundo lá fora não existira.

Toquei-lhe o ombro suavemente,

E a sua reação foi de um acordar tranquilo,

Largou do livro e Dirigiu o seu olhar para mim,

E quando já me fitava,

Observei que seus olhos brilharam tanto quanto ao da leitura,

Como comparasse o êxtase do gozo às sublimes poesias,

Sem que precisasse dizer qualquer palavra,

Envaidecido beije-lhe seus olhos, seu rosto,

Com a suavidade e a sensualidade devida,

E nas lembranças da noite ida,

Voltamos ao quarto, outro pequeno espaço,

Num carnal poema, sem letras, mas com palavras escondidas,

Que apenas surgiriam ao final de um novo gozo,

De algumas novas e diferentes rimas,

Daquelas que marcam o corpo e a alma,

Para que todos os dias sejam poesias,

Posto que não se esqueça dos versos não ditos,

Dos lábios queridos que me falem ainda em silêncio.