DEUS NÃO QUER ESCRAVOS
Na Hora dos Assassinos, Henry Miller nos traz a revolta de Rimbaud na juventude:
“Tudo o que nos ensinam é falso!”.
E o autor americano acrescenta:
“Tinha a razão, toda a razão. Mas a nossa missão na Terra consiste em combater os falsos ensinamentos em nome das manifestações de verdade que trazemos dentro de nós”.
Sim, a verdade está dentro de nós, basta senti-la. Deveremos buscar o verdadeiro e abominar a falsidade, a mentira, a hipocrisia. E a maior de todas as mentiras é julgarmo-nos incapazes de chegar à verdade por nossa própria conta. Somos pequenos deuses muito capazes, se soubermos respeitar e ser amigos dos nossos irmãos, com os quais temos muito o que aprender. A grande inteligência humana é esta capacidade de conviver harmonicamente com os outros seres humanos.
Deus nos criou para sermos felizes e inteligentes. Para aprender que a maior de todas as felicidades é saber, conhecer e ser livre. Deus não quer escravos, quer homens livres, inteligentes e pensantes. E a maior das escravidões é a mental, onde o ser humano se vê encarcerado nos barrotes da ignorância. Esta é a pior das prisões, o desconhecimento da própria realidade, das causas dos erros e desacertos. Quem se desconhece é um presidiário em sua casa, em sua mente, embora perambule em aparente liberdade pelas ruas cercado por temores e incertezas.
A verdadeira torre de Babel está aí, diante de nós. Até os que falam o mesmo idioma não se entendem, querendo significar que deve haver um novo idioma a ser cultivado para que o ser humano caminhe pacificamente. Tudo indica que a linguagem de Deus que está inscrita na Natureza ainda não foi decifrada pelo pequeno homem pretensioso, vaidoso e político.
Homens divididos são facilmente dominados, escravizados por aqueles que em tudo vêem a possibilidade de satisfações materiais, cegos por inconfessáveis ânsias de domínio, poder e riqueza.
Pensar é respirar. O Universo respira por mais que queiramos abafar e aquecer nosso pequeno planeta com gás carbônico. A Terra é um ínfimo nesta Criação imensa. Nossa inteligência não, ela pode ser maior, um verso, um poema, toda uma literatura. Nossa alma humana, nossa mente, pode transcender este hiato decaído e projetar-se num futuro ilimitado, verso grandioso onde os homens sentirão a alegria de viver e de ser humanos.
Talvez pudéssemos fazer um reparo ao angustiado protesto do jovem poeta francês dizendo que quase tudo o que nos ensinam é falso e que deveríamos procurar separar, dentro e fora de nós, o que é falso do que é verdadeiro, o que é verdade do que é mercadoria travestida de verdade, e ter neste objetivo uma missão, como muito bem observou o escritor americano.
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