Natureza do quase Morto

Confesso-te que me perco

nas palavras que escrevo

mesmo antes de as escrever,

confesso que as perco

muito antes de a minha alma as riscar,

confesso que muito antes ainda

baralho o que sinto, mesmo quando não sinto ninguém.

Difícil, esta dor que me absorve,

a que o meu corpo absorve,

é confuso perceber a realidade que

torna difícil o já difícil abraço da certeza,

certeza que para mim nunca existiu.

Que faço eu aqui, no computador, a escrever

algumas palavras que nada vão influenciar

o meu futuro, onde está a realidade nisto?

Onde está a realidade de sempre falhar em dar um próximo passo,

de falhar crescer e ser independente, que realidade é essa?

O que é ser real, ou lutar para o ser?

Perco-me na ideia de falhar o ultimo abraço da certeza,

o último abraço da realidade.

Não tenho rumo, falho em encontrar um,

as paredes do meu quarto não me mostram o futuro,

o meu corpo, aprisiona as últimas utopias da minha alma,

cansada luta uma batalha perdida.

Sempre palavras tristes, ou palavras de amor.

As paredes do meu quarto só me mostram dor.

Perco a identidade que nunca tive, mas que sempre lutei para ter.

A escuridão não me assusta, assusta-me não

saber o que escrever.

5.01.2007

@akmaetakta.blogspot.com