NAU DOS CANSAÇOS

Em meio a tantas turbulências tu és o tudo: a nave das alegrias. Este é o gozoso labirinto em que se espraia o jogo, quando vens desejosa de momentos. Sou um lírico à antiga, aquele que a tudo agradece como fora um monge, arrojado ao solo em agradecimento. Por vezes, é do cansaço das tentativas que nasce o dia justo de temperanças. E ouço no coração o cantar dos pássaros. A paixão dá-me a precisa confidência: o canto tormentoso de sua possessa e estridente fala. E a inquietude faz o poema e amanhece doce o dia, que é este o único festim de futuros. Este alvorecer cochicha ao vento que o amar nos faz puros na esquina do dia de viver. O temor da perda assinala o cansaço. Sempre bebemos água na fonte dos desassossegos.

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/5005014