Alinhavo da paixão ao amor
Nesta vida pela qual alinhavo
cismas, tertúlias e agravos,
fico à espera com atraso,
dando-me à heróico-bravo.
Amor-apaixonado, escravidão
Apaixonado-amor, flor em botão.
Nessa ilusão, como amar então?
A mansuetude me invade
em desesperada atitude.
O sentimento me expande
ainda que mexendo não ande.
O pensamento me ilude
num gotejar melífluo e amiúde.
Na trama dessa entretela
linda imagem vem à tela.
O desespero me interpela:
sobre este amor tão grande.
Outra vez a paixão me invade.
Posso amar sem ser amado,
é o verso do verdadeiro lado.
Versejado no verso apaixonado.
Inverso ao amor atraiçoado.
Amor, sentimento intrincado.
Por ele, Ele foi crucificado,
Por ele, também fui perdoado.
Ele - Amor estão misturados.
Aqui começa o alinhavo
Pra ficar bem costurado.
Por ele nasci deste lado.
Às vezes atormentado
procuro-o no escuro,
quiçá, por ele seja achado
enferrujado atrás dum muro
escondido de algum apuro.
Ai estarei bem apurado,
pelas obras, assegurado.
Vou amando sem saber
sobre esse amor sabedoria,
sem nada dele entender.
Saber, como eu gostaria.
Como sou ignorante...
Quem pode explicar o amor?