Minha cidade
Minha cidade é moderna, grande, imensa; contudo quarda preciosos e históricos espaços pequenos, besuntados de recordações, que enchem o paladar da memória.
Sim, históricos, porque compõem uma seleção de fragmentos, meus, seus e de outros, pequenos e grandes cidadãos. Todos numa mesma sinfonia inaudível, somente aos desatentos, ou autoexcludentes nesta arte de fazer histórias; que muitos a temem, por ser ela portadora de alta carga de sentimentos e te dotar a todos de uma capacidade sensível do ver além das aparências. O que faz doar à alma a provocação dos teus juízos, às tuas certezas e noções de justiça.
A arte te deixa frágil, vulnerável. E é o que muitos não desejam: o transparecer a própria fragilidade de que como ser humano somos dotados e testados eternamente a nos desvencilhar da velha criatura
imperfeita, mas sublime aos olhos do criador. O que contraria aos dogmas tecnocráticos e científicos, que coloca o homem além da impercepetível, insondável capacidade criadora e renovadora.
E esta cidade, é uma mistura de todas estas disparidades, de con-trários que se atraem, do novo revisitado, da segurança das velhas paisagens, e do Novo para uma vista cansada.
Assim, o que foi pode ensinar ao que virá a ser um dia. Basta acreditar
que isto é possível. Que o tempo não parou. E sua roca continua a girar,
tecendo uma infinita possibilidade de vir a ser.