Fada verde
À medida que escrevo estas palavras, há uma belíssima virgem ao meu lado. Os graciosos cachos verdes de seus cabelos coroados com uma guirlanda de artemísia ondulam com a brisa fria da madrugada que entra pelas janelas de meu quarto, e suas vestes, também esverdeadas, farfalham levemente, fazendo um agradável barulhinho no assoalho. Suas mãos de esmeralda dedilham meus cabelos em desordem com a graça de um pianista, e posso sentir seu hálito fragrante enquanto ela sussurra surreais e violentas canções em meu ouvido.
Nenhuma dessas coquetes de hoje em dia, com seus úberes de vaca inchados, suas faces horrendamente pintadas com maquiagem barata e desfiguradas por um sorriso grotesco, e suas cabeças repletas de ar, se equiparam a você, ó minha doce fada verde, com seus beijos de absinto e olhos de turquesa nos quais o brilho da loucura se insinua. Pena que desapareces toda manhã, e devo invocá-la novamente toda noite, sorvendo do líquido sagrado!
Quando pintarem meu retrato de general, cavalgando em guerra contra Deus e o mundo, e com a morte ao meu lado, pintem não uma espada em minha mão, mas sim uma taça de absinto.