Infância
Minha infância trago sempre
Na memória enternecida
Brincando em um imenso pomar
Na casa dos meus avós
Velhinhos, tão queridos
Que nos davam liberdade
Para correr entre as árvores,
Subindo nos pés de goiaba
Brincando de esconder
No velho engenho
Onde encontrávamos
Os mais diferentes bichinhos
(Até uma ninhada de gatinhos)
Lembro-me do Louro
Que gritava com força e vontade:
-Ó Juan!
Ou então: -Juanitooo...!
Da vovó não podíamos nos aproximar
Se o Louro por perto estava
Ele vinha nos bicar, como se quisesse falar
“Não aproxime da vovó, pois a ela
Só eu posso amar”
O grande pé de amora
Com uma sombra confortável
Onde as aves se refrescavam
O enorme tanque onde brincávamos
De guerra de água
Os cachos de banana
As cestas de pinhas
Que vovó guardava
Pra quando os netos chegassem
Além das mangas docinhas...
E as broas da dona Maria?
Ah, que delícia!
O famoso pé de carambolas
Doces e cheirosas,
Bem na frente da janela da cozinha
Onde um dia, não me esqueço,
Um primo muito querido
Quase perdeu o dedo...
Quantas lembranças lindas e emocionantes
Trago sempre comigo
Como se fosse uma oração
De agradecimento a Deus
Por tanta dedicação!