Possuídos pelas prisões
Caminha cabisbaixo com os seus olhos pesados
Carregando toda a tristeza do mundo
Em seu coração tão precocemente machucado.
Se rasteja com o coração dilacerando-se no chão
Com pensamentos indesejáveis à razão
Torturando o seu âmago tão frio
E o seu espírito não tão são.
Anda pelas ruas cheias de lixo
Ruas cheias
Lotadas
Poluídas
Mentes possuídas.
Hábitos suicidas.
E me pergunto: Aonde vim parar?
Será este o meu lugar?
Angústia e solidão?
Eu finjo ser forte
Eu desejo ser
Mas ao ver uma flor despetalada
As ondas trêmulas e violentas em meus olhos,
Transbordam como um rio
A minha esperança morta.
Cada gota que cai
Molha o chão em que a pétala caída se desfaz
Minha tristeza levará seu espírito em paz
Absorvendo minha fortaleza
Que neste mundo não se faz.
O vento assopra algumas lágrimas secas
Em meu rosto sujo de pó de minério e avareza
De todos estes que nos dominam nesta neblina cegueira
Fazendo todos dançarem a canção da morte certeira.
As trevas que culminam em nossas artérias
Entupindo nossas veias
Nos cegam diante da beleza
Do amor e da vida
Da rosa no jardim
Encarcerando-nos a uma prisão
Que nós construímos com as nossas próprias mãos.
E vivendo em círculos viciosos
Ficamos enauseados de tanto vazio e frieza
E calando o nosso grito
Nos drogamos a noite inteira.
Para quê tudo isso?
Se a vida é tão passageira enquanto um sorriso?
Para quê tanta dor senão existe nenhum paraíso?
Para quê esse nosso egoísmo?
Se quando a Natureza vier com sua força e fúria
Todos nós nos refugiaremos para o mesmo abrigo?
Na desgraça todos choram juntos
E todos se abraçam sem mais
Na dor e no sofrimento todos são iguais
Diferentes somos
Quando somos possuídos pelos nossos desejos destrutivos
Amaldiçoados pela ganância por mais dinheiro.
No livro da vida não há espaço para arrependimentos
O que se faz se planta do mesmo jeito
E o futuro pode te abraçar suavemente
Ou te pegar por trás em total desvantagem e iminente desespero.
A vida é feita de escolhas
Das estúpidas as mais sinceras
Não deixe se iludir pela felicidade financeira
A esperança não irá surgir diante do saldo do cartão
Nem da cobertura que dá para ver a cidade inteira.
A vida pode ser tão curta como um trecho de uma música
E a dor pode ser tão longa como o tráfego do rio
Que deságua em um mar de mais dor e culpa
De uma vida cheia de escolhas estúpidas
Para viver de status e imagem artificial
Todos os sentimentos mais absurdos de um animal.
A vida pode ser uma grande tortura
Se você não viver para si mesmo
Em detrimento de sua essência
Aquilo que se pede o tempo inteiro.
O comum é o medo
O diferente é corajoso
E viver é se arriscar
Se aventurar
Descer de para-quedas
Sentindo todo o medo que há
Por debaixo dessas mentiras
Que só nos esvaziam o espírito,
Nos tornando eternamente todos prisioneiros.