Amostra de Tristeza

Chorava... cruzando as mãos sobre o colo, impotentes. Olhava-as com profundo pesar, dando-se conta do tamanho de sua incapacidade. Fechou os olhos por um instante tentando afastar as lágrimas insistentes e logo voltou a abri-los para nada observar.

Encheu seu coração de raiva, de um profundo desprezo por tudo e por si mesmo, "Tão futilmente incapaz"... levantou-se e procurou o ar noturno, deixou que a brisa brincasse em seus cabelos cerrando as pálpebras, deixou que o sereno caísse sobre sua pele esvaziando sua mente e permitindo que as lágrimas corressem livremente por sua face.

Abriu os olhos, contemplando as estrelas naquela noite sem lua e sentiu-se vazio... perdido entre os milhares de pontos brilhantes no vasto céu, menor que uma partícula do universo. Tão imerso em seus problemas, tão triste... solitário... quem o ouviria no meio de tão vasto mundo?

Baixou novamente os olhos, observando as mãos... nada o impele, nada o impulsiona, nada o provoca... está só... e como peregrino de lugar nenhum, caminha pela vida, esperando que algo ou alguém o encontre e faça com que todo o tempo e todos os caminhos que percorreu tenham enfim algum sentido.