Ode ao ódio
Ó negra serpente do ódio! Como meu coração se rejubila ante sua presença! Como adoro ouvi-la rugindo em minha alma, esmagando tudo o que há de bom em meu ser com sua gigantesca cauda! O quão doce é o veneno que injetas em meu coração com suas presas fatais! Se eu pudesse, dele beberia o dia todo.
Que graça tem o amor, com seus insossos céus de primavera e brisas amenas? Eu pertenço aos carregados céus que prenunciam a tempestade, ao majestoso ribombar do trovão, ao mar revolto sugador de vidas, ao filhote do tubarão e do tigre. Pertenço aos gritos de horror, ao coração perfurado furtivamente, ao sorriso do assassino, à gargalhada do louco.
Ah, humanidade! Jamais conhecerá a felicidade enquanto não souber dos prazeres da fúria e das delícias do ódio e do horror, e jamais atingirá o mais alto nível de desenvolvimento enquanto não reconhecer tais sentimentos como força motriz.
Pois arte é revolta, e sou um artista.