Se eu fosse um mar

Se eu fosse um mar, eu provavelmente seria localizado no Pacífico, o mais próximo da placa de Nasca, águas fortes e imprevisíveis… Tantos tremores provocariam em mim as tão temidas tsunamis. Mas, afinal, se eu fosse um mar?

Se eu fosse um mar, eu teria marés baixas em todos os dias pares; nos ímpares, eu teria ondas fortes, tão fortes, que seria impossível nadar ou surfar. Faria isso só de birra. Seria o dia em que eu-mar seria só eu. Em dias lindos e feriados, eu proporcionaria ondas mavericks com picos de mais de 7 metros, que desafiaria até o mais hábil dos surfistas.

Uma das poucas certezas como mar seria: ter conchas e areia fofinha prontas para a diversão…

Seria Senhora e Rainha de um recife só meu, com estrelas-do-mar de furta-cores, cavalos-marinhos alados, peixes de varias espécies, uma baleia e ate um tubarão. E teria milhões de bichinhos de bioluminescência, tantos, mais tantos, que todas as minhas noites seriam iluminadas como uma de Natal.

Em noite especiais, seria só eu-mar, a lua-cheia e quem estivesse disposto a nos contemplar e completar. Nas outras luas também estaríamos na mesma sintonia, mas o ego lua cheia é proporcional a sua forma, tudo para não contrariar essa bela senhora egoísta que em um estalar de dedos me faria maré alta.

Durante o dia, seria melhor amiga do Sol. Juntos formaríamos uma dupla imbatível - tirando o fato do meu temperamento “marítimo” ser um pouco forte -, travaríamos verdadeiras batalhas e eu passaria horas desabafando e desaguando com a Dona Tempestade.

Se eu… Eu me tornaria doce sempre que alguém estivesse me conhecendo pela primeira vez; protegeria quem não soubesse nadar, impediria que qualquer embarcação entrasse em pane enquanto estivesse dentro de minhas imediações.

Mais que o mar.

Se eu… Seu eu fosse um mar, talvez eu nem fosse um mar de verdade… Talvez fosse rio, cachoeira, lago e até uma piscina. Não importa como seria, no fim das contas o melhor é ser.