Acorde, Homem morto!

Eu abro meus olhos

apagaram-se as luzes do mundo

mas escuridão não trás medo

não há placas de transito

não há risos nos retratos

não há nenhum olhar de desprezo

E as portas que se abrem e que se fecham

não trazem

nem levam mais nada

Me sirva uma bebida

pra matar a sede

já que o amor

alguém já matou

que descanse

em paz

as salas se esvaziaram

as cores se foram

e eu arranho a terra

a cavar meu tumulo

preciso me deitar

E fumar meu ultimo cigarro

Meu peito grita

Como quem precisa de salvação

mas a fé me foi roubada

como os dias de Julho

e veio novamente o escuro

e meus olhos vivos encontraram a morte

e eu não alcancei o sonho

e eu não sou o vitorioso

no fim

nenhum de nós é

apenas corpos velhos

e corpos novos

e mentes velhas

e mentes novas

a apodrecer

a subtrair

com o tempo

e a lamentar o tempo perdido

e se perguntar sobre jesus cristo

como um órfão se perguntando sobre

seu pai alcoólatra

e céu e inferno

e o perdão

por não ter sido mais

por não ter feito mais

por si mesmo

talvez

e permaneceu escuro

mas eu me lembro

havia paz lá

você se lembra?

- acorde homem morto, acorde homem morto!

- Alguém gritou...

Era eu.