APARENTE SILÊNCIO
Há um aparente silêncio
nos meus versos, que, no entanto,
falam pela minha alma poética;
dizem pelos meus outros poéticos
eus diversos, que, muitas vezes,
a minha poesia se semelha à prédica;
à reflexão metafísica; ao abstracionismo
alegórico; à natureza espiritualizada;
às pinturas sensuais de aquarelas;
ao lirismo amoroso dos seres angélicos
à árdua realidade existencial vigente.
Porém, para retirar os versos desse
silêncio falante, desço pelas veias
poéticas do silêncio a querer me falar;
apreendo a fala aparente do silêncio
tranquilizante, que emerge de um dos
meus eus poéticos que tenciona me inspirar.
Não é fácil para mim, entretanto,
sentir o fluido falante desse silêncio
inspirador; mas ele sempre está
a fluir de mim, do mesmo modo
que a alma se expande de mim
para o além espiritual; e é desse além
pensante que, momentaneamente
enclausurado no vaso carnal
que abriga o meu poético interior,
que a minha fala poética brota
do silêncio imperceptível que emana
do meu eu, ou dos meus outros eus
artísticos que me assessoram em
qualquer instante de inspiração
natural. Desse modo, é mediante
a expansão das energias espirituais
fluídicas, que ouço a fala do silêncio
poético (jamais aparente)
que se evidencia em meus versos.