APARENTE SILÊNCIO

Há um aparente silêncio

nos meus versos, que, no entanto,

falam pela minha alma poética;

dizem pelos meus outros poéticos

eus diversos, que, muitas vezes,

a minha poesia se semelha à prédica;

à reflexão metafísica; ao abstracionismo

alegórico; à natureza espiritualizada;

às pinturas sensuais de aquarelas;

ao lirismo amoroso dos seres angélicos

à árdua realidade existencial vigente.

Porém, para retirar os versos desse

silêncio falante, desço pelas veias

poéticas do silêncio a querer me falar;

apreendo a fala aparente do silêncio

tranquilizante, que emerge de um dos

meus eus poéticos que tenciona me inspirar.

Não é fácil para mim, entretanto,

sentir o fluido falante desse silêncio

inspirador; mas ele sempre está

a fluir de mim, do mesmo modo

que a alma se expande de mim

para o além espiritual; e é desse além

pensante que, momentaneamente

enclausurado no vaso carnal

que abriga o meu poético interior,

que a minha fala poética brota

do silêncio imperceptível que emana

do meu eu, ou dos meus outros eus

artísticos que me assessoram em

qualquer instante de inspiração

natural. Desse modo, é mediante

a expansão das energias espirituais

fluídicas, que ouço a fala do silêncio

poético (jamais aparente)

que se evidencia em meus versos.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 13/10/2014
Código do texto: T4997639
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