Despedidas

Também coleciono despedidas em potes translúcidos nas prateleiras da vida... E, guardo, num livro do tempo, a densidade concreta de um passado que já não sei mais se houve de fato, ou, se foi fruto de minha ilusão. Queria tivesse havido. No entanto, um lado da vida foi embora. Fez as malas e fugiu para o escondido profundo, onde não o acham nem as sobras de fiapos de um coração em aflição. Não vi beleza nessa renúncia. Nem pés de balé na pedagogia da dor. Vi precipícios e cais de sofrimento ainda desconhecidos. Vi lágrimas mutilando a brandura da face. E, se hoje ainda há uma última poesia sobre o tampo da mesa é porque ela se inflama no sopro daquela que, face mutilada, escravizou a alma à criação... É... eu sei. Coleciono despedidas em potes translúcidos sobre as prateleiras da vida...

13 de outubro de 2014, 09:00 hs.

Maria
Enviado por Maria em 13/10/2014
Reeditado em 14/10/2014
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