QUEM É POETA

Quem é poeta repara no jeito peculiar

de como as formigas andam enfileiradas,

carregando pequenas folhas cortadas

para armazená-las num formigueiro

qualquer. É nesse momento artístico para

o poeta, que brotam os versos vegetais

que vão nutrir as formigas no interior

de suas tocas, esburacadas por esses insetos

operários que se comprazem em exercer

tarefas rotineiras, com o fim de existirem

segundo a característica de sua espécie.

Terei, como as aplicadas formigas,

a destreza de construir os meus versos,

da mesma forma como elas se agrupam

em família para sobreviverem em harmonia

afetiva, no ambiente doméstico do formigueiro?

Terei paciência para esperar que os vocábulos

se juntem, para darem em versos o sentido lírico

do texto poético, do mesmo modo que as formigas

andam pacientes em suas ocupações diárias,

transportando os alimentos vegetais para

se nutrirem, dispondo de tempo no meio

do caminho para o cordial gesto interativo

de saudação? Será que terei o pensar

literário suficiente, para saber apreender

o estilo preciso do poeta que ainda tenciono

ser, extravasando em inspirações ocasionais,

toda a força poética da consciência artística,

do mesmo jeito que as formigas se reúnem

nas primeiras horas da manhã em seu pensar

conjunto instintivo, para desenvolver ações

sociais sintonizadas com a unidade cósmica

que as irmana no interior de suas colônias

habitacionais? Certamente, a mesma força

pensante divina que me inspira a compor

e concluir essa prosa poética tão inspirada,

inspira também as operárias formigas

a exercerem diariamente os seus ofícios

tarefeiros, ensinando os homens a não

serem ociosos nem individualistas, mas

ativos operários a se comprazerem

com as funções coletivistas que exercem,

impelindo o bem comum pela caridade social!

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 11/10/2014
Código do texto: T4994994
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