REFLEXÕES ESPIRITUALISTAS
Já não sinto dentro de mim, a morte impura, que antes me levava às profundezas umbralinas. Sinto, sobretudo em sonhos, a vida pura, que me conduz deveras, às luzes divinas. Antes, a morte me angustiava como uma clausura, em escuro recinto fechado com paredes cavernosas. Agora, a vida tranquiliza a minha alma, mesmo ainda encarnada, mas sentindo o idêntico alívio do pássaro que voa tão livre. Cada dia me ocupo mais com o meu universo interior, porque é nele que está o meu porvir existencial. A vida espiritual que está dentro de mim, não pertence à minha vida carnal perecível. Pertence à minha própria individualidade eterna, já Doada por Deus, O Pai Eterno das humanidades espirituais universais. E porque já não sinto mais a ausência da morte finita, mas a presença da vida infinita dentro de mim, é que não mais fico triste, angustiado com a minha inércia definitiva carnal vindoura sob a terra, no pequeno espaço da frieza e solidão tumular. Bem sei que, nesse momento sagrado de libertação da alma da prisão carnal, a minha vida espiritual vai se descortinar alegre, edificante, à realidade eterna; antes, vivenciada por minha alma artística em surrealistas satisfações oníricas.