[Passageiros para o Passado]
Há um trânsito invisível, porem inexorável e triste, de coisas, vivências, pessoas, cuja direção vai do Sonho para a Lembrança. O que antes era sonho, alegria, esperança, some na névoa do Passado. O Presente vivido, como sempre se soube, era apenas uma abstração inoperante, sem eficácia, sem duração...
Assim, ao que [me] parece, tudo, até os amores, está nesse transitar insano: tudo são passageiros para o Passado! Os amores transitados para o passado assentam-se num fundo inesquecível [e isto é tristemente óbvio]. Desse fundo, vez ou outra, sobem bolhas iridescentes que voam no ar e levam para longe o nosso olhar... até que se rompem, e então, parecemos caminhar num vácuo, perdidos...
Um renovo... é possível? Talvez... se a vida nos conceder a graça de outro encontro, e se a sorte nos ajudar, com os fragmentos de novos sonhos construiremos uma realidade [habitável]. Será outra estação de esperanças, outra morada que o recente sofrimento nos dizia ser impossível.
Ao depois, com mais sorte ainda, e com elementos da nova realidade firmada, engendraremos outros sonhos que por sua vez, serão esteios em outras futurações.
Na certeza de não ter dito nada, eu paro aqui esta indagação [sim, fiz-me uma pergunta extensa, e não tenho resposta. Oras... se fosse simples, eu não escreveria; suspeito de toda simplicidade; pois, é água calma, remansosa, cujo fundo a gente não vê!
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[Desterro, 07 de outubro de 2014]